domingo, 25 de outubro de 2009

Deus e a Matrix 3

A realidade apresentada no mundo de Matrix foi produto indireto das mentes humanas, desenvolvendo tecnologia, criando máquinas e as dotando de inteligência, a tal ponto que tais máquinas concluíssem que o ser humano era inferior a elas e que não deveriam se sujeitar às vontades dele, deflagrando a guerra que culminou com o bloqueio do Sol, a fonte de energia das máquinas, e o processo de captura e escravização dos seres humanos.

Todo esse processo, apesar de completamente fictício e altamente improvável, não é impossível. Há uma possibilidade ínfima, remota, de o futuro apresentado no filme Matrix se confirmar, embora eu não acredite que isso venha a acontecer.

Coloco isso porque, dada a probabilidade de uma divindade existir em nosso mundo real, e a probabilidade de tal futuro vir a se concretizar, acredito que a segunda opção seja muito mais viável.

Acredito ser muito mais provável que estejamos hoje vivendo conectados a uma espécie de Matrix, tendo então tal futuro já ocorrido, do que estarmos mesmo sendo observados por uma divindade tão absurda quanto essas a que somos apresentadas atualmente.

Sendo assim, embora nenhum suposto milagre tenha me convencido até hoje se tratar realmente de um milagre, algo logicamente inexplicável, se um dia me ver em face de um milagre de fato, como talvez a cura de um amputado, ou a ressurreição de alguém que teve o corpo completamente dilacerado em um acidente, eu julgaria muito mais viável ter sido obra da Matrix do que de Deus.

Embora, como já disse, não acredite que tais fatos possam um dia acontecer.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Deus e a Matrix 2

Há muitas analogias feitas entre o filme Matrix e a religião. Neste artigo da Wikipedia encontra-se a descrição da mais impressionante delas.

Porém a analogia que vou apresentar agora, apesar de absurdamente simples, não é muito popular.

A primeira coisa que me impressionou quando assisti ao filme Matrix não foram os incríveis e premiados efeitos especiais, as emocionantes lutas corpo a corpo ou a catastrófica previsão do futuro. Mas sim o fato de, sob certo aspecto, a Matrix exercer para aqueles aprisionados a ela o mesmo papel que acreditam os teístas ser exercido por divindades em nosso mundo.

A realidade vivida pelos escravos da Matrix é projetada, programada, por ela. Sendo ela indiretamente responsável por tudo que acontece com tais escravos, sendo onisciente (até onde sua capacidade de processamento e armazenamento permite), onipotente (até onde isso se mostra logicamente viável) e onipresente (até onde seus agentes puderem alcançar).

Nesse mundo controlado pela Matrix, milagres são completamente passíveis de acontecer, assim como mágica e super poderes, como fica evidenciado quando é apresentado o garoto capaz de entortar colheres com a mente, ou quanto o agente Smith apaga a boca de Neo, deixando-o completamente apavorado.

Isso tudo é possível no mundo da Matrix por ser aquele um mundo virtual, onde muitas das leias da lógica e da física não precisam ser respeitadas, assim como acontece em muitos jogos eletrônicos de hoje.

Isso posto, podemos dizer que para aqueles que vivem no mundo da Matrix ela exerce de fato o papel de divindade. Podendo inclusive ouvir e atender a preces, assim como julgar e punir, porém ainda em vida, aqueles que a desafiem, desde que se mantenham fisicamente conectados a ela.

Até então não há nada de mais nessa analogia.
Mas haverá, no que decorre dela.

Não percam o próximo post, neste domingo.

domingo, 18 de outubro de 2009

Deus e a Matrix

Peço licença ao Barros, autor do blog DeusILUSÃO, para quase plagiar o título de uma de suas séries de posts, mas acredito que o conteúdo seja suficientemente diferente para evitar um processo rs.

Acredito que todos os leitores devem conhecer o filme Matrix, no entando vou apresentar uma breve sinopse para contextualizar:

O filme apresenta uma realidade em que todos nós humanos, com exceção de alguns rebeldes, estamos aprisionados em cápsulas de um imenso gerador de energia no qual nossos corpos são as células energéticas. Isso tudo criado e mantido por máquinas revoltosas, criadas por nós mesmos, que ao serem vítimas de um ataque que culminou com o bloqueio de sua fonte de energia principal, o Sol, tiveram a brilhante ideia de usar a energia produzida por nossos corpos como fonte de energia alternativa.

Nessa realidade, as máquinas introduziam pensamentos e sensações nas mentes daqueles que estavam presos às cápsulas, de modo que eles acreditassem estar vivendo alguns séculos antes, no tempo em que teria sido o auge de nossa civilização, por acaso nossa época atual, quando na verdade vivem em uma espécie de realidade virtual.

Esse é o pano de fundo, mas a estória principal gira em torno do personagem Neo, que é libertado da dominação das máquinas por ser tido por um dos líderes dos rebeldes como o escolhido, uma espécie de messias, que seria capaz de derrotar as máquinas e libertar os seres humanos.

Muitas analogias são feitas do filme Matrix com a religião, dado o caráter messiânico do personagem principal. No entanto, vejo outra analogia muito interessante a ser feita, ainda envolvendo a religião, e que nunca ouvi de outras fontes, embora acredite que eu não tenha sido nem de longe o único a tê-la observado. Tenho certeza que os teístas ficaram bem intrigados e alguns até revoltados com o que direi. Nos próximos posts.

Quem ainda não viu, ou quer rever o filme, ainda há tempo. O próximo post sairá na próxima quarta feira.

domingo, 11 de outubro de 2009

Do Deísmo ao Ateísmo

Provavelmente todo ateu que leu o post Partindo do Deísmo deve ter percebido que no fim das contas a sujeira foi apenas empurrada para debaixo do tapete, já que aquela visão não dá nenhuma definição quanto à origem do suposto criador, assim como de que essência ele seria formado e principalmente como evoluiu a ponto de possuir um intelecto capaz de formular as leis físicas que regem a natureza, além é claro do ponto principal, o que ele teria usado como matéria prima para as primeiras partículas de massa/energia do universo. Mágica? Essência divina?

Qualquer tentativa de responder a tais questões não será mais do que mera especulação, tanto se realizada por religiosos, quanto se realizada por supostos cientistas.

O fato é que a concepção de tal ser, ou a presunção de que ele exista desde sempre, é absurda, não por ser concebido do nada, ou por existir desde sempre, mas sim por sua complexidade.

Sendo a sua essência material ou espiritual, ou seja lá o que for, para que tal ser fosse capaz de conceber um projeto tão ambicioso, seria necessário que o mesmo fosse dotado de algo análogo a uma mente, o que é por demais complexo para surgir do nada, ou evoluir no nada.

É verdade que a ciência ainda não sabe explicar como surgiu a singularidade que deu origem ao Big Bang, porém a natureza de tal singularidade, ainda que não totalmente conhecida, é certamente mais simples que a mente de um projetista.

Particularmente não acredito que algo possa existir desde sempre. Acredito que em um dado momento, momento zero por sinal, já que antes disso nada existia e como consequência uma contagem de tempo não faria sentido, partículas de natureza simplória surgiram espontaneamente, convergindo umas para as outras, formando um aglomerado de partículas subatômicas, a singularidade inicial, que em um dado momento se desestabilizou e explodiu no que chamamos de Big Bang.

Obviamente essa minha teoria é puramente especulativa*, porém reduz a dúvida ao surgimento expontâneo de partículas simplórias, o que me parece muito mais viável que o surgimento, ou a eterna existência, de um ser tão complexo como o deus cristão, ou qualquer outro candidato a criador apresentado pelas diversas religiões.

* Embora eu já tenha ouvido falar de experiências onde se tenha observado o surgimento espontâneo e inexplicável de determinadas partículas subatômicas em laboratório.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Cosmos, de Carl Sagan

Na semana passada a seção INDICAÇÕES estreou trazendo a série Cosmos, de Carl Sagan. No entanto, o link que havia sido colocado lá remetia a um outro site, que por sua vez remetia ao Google Videos.

De modo a facilitar o acesso, estou escrevendo este post apresentando os links para os 13 episódios diretamente neste blog.

A versão dublada de alguns vídeos não está sendo carregada corretamente, por isso nesses casos estou utilizando links alternativos, mas que poderão estar legendados ou no idioma original.

No próximo domingo darei sequência ao post anterior: Partindo do Deísmo.

domingo, 4 de outubro de 2009

Partindo do Deísmo

Durante a minha transição do cristianismo ao ateísmo, passei por um breve período como deísta.

Naquela época eu ainda não conseguia enxergar que Deus não passava de um mito, embora enxergasse bem as inconsistências da religião.

Durante meus últimos meses como teísta, como todo teísta sincero, conversava com Deus, mas cada vez mais percebia que não havia ninguém ouvindo meus pensamentos, ou se ouvia, os ignorava, e como naquela época eu era um teísta sincero, e uma boa pessoa, não via motivo algum para ser ignorado por Deus, o que me levou a concluir que se Deus de fato existia, não era capaz de me ouvir, ou de intervir em minha vida. Foi então que comecei a considerar a posição deísta, que naquela época eu nem sabia que tinha tal nomenclatura.

Passei a considerar que Deus havia criado o universo, programado as leis da física que regem toda a natureza, e então ou deixara de existir, ou não era mais capaz de intervir em nosso mundo.

Essa posição me deixou muito confortável, já que eu não ignorava a existência de Deus, o que na época eu não via com bons olhos, como todo bom teísta, e ainda me sentia livre para ignorar os absurdos pregados pelas religiões, podendo endossar a ciência sem confrontá-la com a religião.

Tal endosso é muito simples de se promover, e acho que deveria ser o caminho adotado por toda religião que quer coexistir dignamente com a ciência.

Assume-se que Deus criou a singularidade inicial, um aglomerado de energia/matéria, seja como for, dotado de características físicas tais que em um dado momento explodiu dando origem a todo o universo, n0 processo denominado por nossa ciência como Big Bang.

A partir daí, naturalmente, ou seja, através das interações entre as características físicas de cada átomo, molécula ou quaisquer outras estruturas formadas a partir do Big Bang, programado por Deus, a Terra adquiriu as condições necessárias para o surgimento da vida, conforme supõe a ciência, seguida da evolução dos seres vivos, inicialmente meros aglomerados orgânicos, dotados de metabolismo simples, partindo para seres cada vez mais complexos, seguindo diferentes caminhos evolutivos, até chegar às espécies de sucesso que existem hoje. Um processo totalmente natural, sem nenhuma interferência divina, já que Deus encerrara sua participação ao criar a singularidade inicial, dotando-a das características necessárias para evoluir por conta própria.

Essa visão não só convive em harmonia com a ciência, como dirime qualquer discrepância existente entre as diversas religiões, descartando o seu lado mitológico, sem descartar a sua unidade fundamental, o criador, mantendo ainda o seu caráter sócio-regulador.

Pensem a respeito. Continuarei este tema no próximo post.