Piaget afirma que essas fases se sucedem sem constituir estágios propriamente ditos. Vamos encontrar adultos em plena fase de anomia e muitos ainda na fase de heteronomia. Poucos conseguem pensar e agir pela sua própria cabeça, seguindo sua consciência interior.
ANOMIA | HETERONOMIA | AUTONOMIA |
A: negação NOMIA: regra, lei | A lei, a regra vem do exterior, do outro | Capacidade de governar a si mesmo |
Na fase de anomia, natural na criança pequena, ainda no egocentrismo, não existem regras e normas. O bebê, por exemplo, quando está com fome, chora e quer ser alimentado na hora. As necessidades básicas determinam as normas de conduta. No indivíduo adulto, caracteriza-se por aquele que não respeita as leis, pessoas, normas.
Na medida em que a criança cresce, ela vai percebendo que o "mundo" tem suas regras. Ela descobre isso também nas brincadeiras com as criança maiores, que são úteis para ajudá-la a entrar na fase de heteronomia.
Na moralidade heterônoma, os deveres são vistos como externos, impostos coercitivamente e não como obrigações elaboradas pela consciência. O Bem é visto como o cumprimento da ordem, o certo é a observância da regra que não pode ser transgredida nem relativizada por interpretações flexíveis. De certa forma, a intolerância da Igreja, por qualquer interpretação diferente da sua, referente ao Evangelho, manteve a humanidade na heteronomia moral. O bem e o certo estavam na Igreja, no Estado e não na consciência interior do indivíduo.
A responsabilidade pelos atos é avaliada de acordo com as conseqüências objetivas das ações e não pelas intenções.
O indivíduo obedece as normas por medo da punição. Na ausência da autoridade ocorre a desordem, a indisciplina.
Na moralidade autônoma, o indivíduo adquire a consciência moral. Os deveres são cumpridos com consciência de sua necessidade e significação. Possui princípios éticos e morais. Na ausência da autoridade continua o mesmo. É responsável, auto-disciplinado e justo. A responsabilidade pelos atos é proporcional à intenção e não apenas pelas conseqüências do ato.
O processo educativo deve conduzir a criança a sair de seu egocentrismo, natural nos primeiros anos, caracterizado pela anomia, e entrar gradualmente na heteronomia, encaminhando-se naturalmente para a sua própria autonomia moral e intelectual que é o objetivo final da educação moral.
Esse processo de descentração conduz do egocentrismo (natural na criança pequena) caracterizado pela anomia, à autonomia moral e intelectual.
As atividades de cooperação, num ambiente de respeito mútuo, embasado na afetividade, preservam do egoísmo e do orgulho, auxiliando a criança no longo processo de descentração, conduzindo-a gradativamente da heteronomia para a autonomia moral. Um ambiente de medo, autoritarismo, respeito unilateral tende a perpetuar a heteronomia.
Do egocentrismo inicial, a criança, gradualmente, vai "saindo" de si mesma, ampliando sua visão de mundo e percebendo que faz parte de um todo maior.
Gradualmente, aprende a cooperar, a respeitar e a amar o próximo.
Egocentrismo | > | > | > | Descentração |
egoísmo - orgulho | cooperação - respeito - afeto | |||
ANOMIA | > | HETERONOMIA | > | AUTONOMIA |
O quadro abaixo relaciona as atitudes interiores e as fases morais:
ANOMIA | HETERONOMIA | AUTONOMIA |
Bagunça Devassidão Libertinagem Dissolução | Medo Autoritarismo Imposição Castigo Prêmio Respeito unilateral Autocracia Tirania | Cooperação Amor Respeito mútuo Afetividade Livre-arbítrio Democracia Reciprocidade Lei Causa e Efeito |
Fonte: http://www.pedagogiaespirita.org/escola_virtual/pedagogia/piaget/moral.htm