quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A impotente onipotência

No último post falei um pouco sobre o valor de uma boa definição, e apresentei a minha definição, formada enquanto ainda cristão, do que seria Deus.

Embora algum cristão possa discordar da definição que apresentei para seu deus, dificilmente ele daria uma outra definição que não incorporasse as três características básicas de tal ser: onisciência, onipresença e onipotência.

Como eu havia dito no post anterior, basta que uma única inconsistência seja encontrada em uma dada definição para que a mesma deixe de ser considerada válida. Tal inconsistência pode ser o uso de alguma conjectura, ainda não provada verdadeira, ou uma afirmação paradoxal, por exemplo.

Todos os leitores já devem conhecer o Paradoxo da Onipotência. E claro já devem ter conhecido alguma das diversas tentativas cristãs de invalidar ou contornar tal paradoxo, uma vez que ele torna a definição de seu deus fundamentalmente inválida.

Se considerarmos o conceito mais intuitivo que se tem da palavra onipotência, diríamos que
Onipotência é a capacidade de se fazer qualquer coisa. Absolutamente tudo.
e é esse o conceito que vem a mente de praticamente todo cristão, quando o mesmo pensa em seu deus. No entanto tal conceito é inconsistente.
Pode um ser onipotente criar algo que ele mesmo não seja capaz de destruir?

Se ele não pode criar tal algo, então ele não é onipotente.
Mas se ele pode criar tal algo, então ele não é capaz de destruí-lo, logo também não é onipotente.
Proposições como essa provam a impossibilidade lógica de se definir um ser como sendo onipotente. Seres onipotentes não existem.

Paradoxos como esse surgem vez ou outro em teorias científicas. Algumas vezes anos após tais teorias terem sido aceitas pela comunidade científica. Mas quando isso ocorre dentro de uma teoria científica, a mesma torna-se inválida até que seja apresentada uma solução para o problema, como foi o caso do Paradoxo de Russell, já citado no post anterior. No entanto as religiões não aceitam correções em suas definições, por mais absurdas que possam parecer. Até porque isso poderia de fato destruí-las pouco a pouco.

As melhores justificativas cristãs que já ouvi para permitir que seu deus ainda seja visto como onipotente, uma vez constatado tal paradoxo, recorrem a suavização do conceito de onipotência, condicionando tal capacidade, excluindo os casos complicados, como por exemplo afirmando que
Deus é capaz de tudo, exceto aquilo que viole o paradoxo da onipotência.
Honesto ao menos, no entanto isso não seria mais onipotência. Seria uma semi-onipotência. Além disso tais suavizações não são consideradas pelos cristãos ao dizerem ser o seu deus onipotente. Até porque a maioria desconhece tal problema. E quando diante dele, simplesmente ficam sem saber o que dizer, recorrendo a explicações estapafurdias, como as muitas que se pode ver na seção tentivas de resolução neste artigo, ou como a descontraída explicação do famoso caçador de ateu e filosofo.

Obviamente nenhum cristão aceitará que tal paradoxo descaracterize seu deus, negando-o ou ignorando-o, no entanto para qualquer pessoa que esteja disposta a aceitar as evidências, fica claro que o deus cristão, onipotente, de fato não existe.

domingo, 27 de dezembro de 2009

O valor de uma boa definição

É difícil para pessoas racionalistas ao extremo, como nós matemáticos por exemplo, aceitar qualquer conceito que não esteja suficientemente bem definido.

É justamente de inconsistências conceituais que parte a maioria dos questionamentos que fazemos, assim como sua posterior verificação.

Se for dada a um matemático a sequência:
0, 1, 1, 2, 3, 5, 8 e 13
e lhe for perguntado qual deveria ser o próximo número da sequência, ele provavelmente lhe diria supor ser o número 21, mas também lhe diria que não é possível afirmar com certeza, uma vez que não fora informado qual o método usado para gerar tal sequência.

Quando um ateu questiona a existência de divindades, ele normalmente toma como base as definições populares dadas às divindades que questiona, ou então toma como referência o conceito genérico de divindade.

Algumas divindades são bem definidas, ainda que apresentarem inconsistências lógicas facilmente observáveis.

Hércules por exemplo, era tido como um semi-deus, meio humano e meio deus, no entanto era uma divindade razoavelmente bem definida.

O deus cristão, normalmente denominado apenas Deus, não teve a mesma sorte. Nenhuma boa e completa definição de Deus nos foi dada. As melhores que já obtive foram sempre fragmentadas, e a maior evidência disso é o fato de nem mesmo os cristãos chegarem a um consenso quanto a ela.

Obviamente, como ex-cristão e ateu, tenho minha definição de Deus, formada com base justamente nos inúmeros fragmentos que fui colhendo durante o tempo em que me dediquei a cultuar tal ser.

Esta é a definição que tenho hoje de Deus:
Personagem principal da mitologia cristã. A ele são atribuídos os poderes de onipresença, onisciência e onipotência, uma existência perpétua para antes e depois da criação do Universo, a própria criação do Universo e obviamente tudo que o compõe, a propriedade sobre as vidas e almas humanas, assim como tudo mais que possa existir e o direito de realizar num futuro incerto o julgamento das almas humanas, com base em suas atitudes e sua servidão a ele enquanto em vida. Também são considerados fidedignos os relatos bíblicos a seu respeito, sendo os quatro evangelhos de Jesus Cristo os principais.

Acredito que a maioria dos cristãos endossariam facilmente tal definição, embora provavelmente acrescentassem alguns detalhes e removessem a parte que refere a ele como um ser mitológico. Até porque todo o restante da definição foi formado enquanto eu ainda era cristão*.

Para um racionalista, não é difícil enxergar inconsistências lógicas em tal definição. Principalmente se considerados os inúmeros relatos bíblicos que são tidos como fidedignos pelos cristãos.

Caso o racionalista que esteja a observar tais inconsistências seja um cristão, ele terá que optar por ignorá-las pura e simplesmente, questioná-las a fundo e terminar no mínimo deixando de ser cristão, ainda que não se torne ateu, ou tentar justificá-las desesperadamente em defesa de seu deus.

Isso aconteceu comigo, ao longo de alguns anos, na verdade ao longo de toda a minha vida, até que finalmente me vi completamente ateu.

Embora sejam muitas as características de tal definição que pareçam inconsistentes, ou ao menos vagas, por se tratar de uma definição, basta que uma única inconsistência seja encontrada para que ela deixe de ser uma definição válida. É assim para qualquer análise lógica, a respeito de qualquer definição. Veja por exemplo o Paradoxo de Russell.

Aos poucos fui percebendo as inconsistências na definição que eu tinha de Deus, e que aparentemente era compartilhada pela sociedade na qual eu vivia. A cada inconsistência encontrada, eu alterava tal definição de modo a torná-la consistente. Removia características que eu considerava ilógicas. Até que em um dado momento percebi que eu não poderia mais me considerar cristão, uma vez que o deus no qual eu cria não era mais o deus cristão. Após algum tempo percebi que tal deus de fato não existia mais, ou se existia não era mais capaz de interceder por nós. As evidências me convenciam mais e mais disso a cada dia, até que me vi não mais teísta, mas apenas deísta.

Com uma definição de Deus tão pessoal e cada vez mais reduzida, em um dado momento ela simplesmente se foi por completo. A partir de tal momento eu adotei novamente a definição original e acrescentei o caráter mitológico a ela.

Provar a inexistência de um criador universal é bem diferente de provar a inexistência de uma divindade em particular. E para provar a inexistência de uma divindade em particular, basta encontrarmos e demonstrarmos formalmente uma única inconsistência que seja em sua definição.

Após isso a existência de tal divindade ainda seria possível, mas sua definição não poderia mais ser a mesma. Ela teria de perder um pouco de si para se manter crível. E dificilmente sobreviveria a mais algumas análises.

Infelizmente isso também se aplica ao Deus cristão. E podemos demonstrar que, tal como definido pela própria mitologia cristã, tal divindade não se mostra crível o suficiente para ser considerada mais que um mero mito. Ao lado de Hercules, Zeus, Shiva, Iemanjá, Odin e tantos outros.

* Caso algum cristão queira apresentar uma definição melhor, agradeço de antemão.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Bones

Ateus famosos existem muitos, assim como também existem na ficção.

Nesta breve postagem quero falar sobre a personagem Dr. Temperance "Bones" Brennan, da série de TV Bones.



Dr. Brennan é uma antropologista forense totalmente cética, centrada na lógica, e que tem como parceiro o agente do FBI, cristão, Seeley Booth, com o qual tem ótimas discussões acerca dos temas religião e sobrenatural*.

Pra quem gosta do assunto, valeria a pena conferir só por isso, mas a série como um todo é excelente.

Fica a indicação.

* Veja por exemplo os dois primeiros episódios da segunda temporada. O primeiro, a partir do minuto 39 e o segundo a partir do minuto 33.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Dados sobre a distribuição religiosa no mundo

Alguns dados, datados de agosto de 2007, a cerca da distribuição religiosa no mundo.
Grupo
Adéptos (Milhões)
%
Cristianismo
2100
32.14%
Islã
1500
22.96%
Ateus/agnósticos/sem religião
1100
16.84%
Hinduísmo
900
13.78%
Religiões tradicionais chinesas
394
6.03%
Budismo
376
5.76%
Religiões tradicionais africanas
100
1.53%
Outras
63
0.96%
TOTAL
6533
100.00%

Fonte: http://www.adherents.com/Religions_By_Adherents.html

sábado, 19 de dezembro de 2009

O Desenvolvimento Moral Segundo Piaget

No aspecto moral, segundo Piaget, a criança passa por uma fase pré-moral, caracterizada pela anomia, coincidindo com o "egocentrismo" infantil e que vai até aproximadamente 4 ou 5 anos. Gradualmente, a criança vai entrando na fase da moral heterônoma e caminha gradualmente para a fase autônoma.

Piaget afirma que essas fases se sucedem sem constituir estágios propriamente ditos. Vamos encontrar adultos em plena fase de anomia e muitos ainda na fase de heteronomia. Poucos conseguem pensar e agir pela sua própria cabeça, seguindo sua consciência interior.

ANOMIA

HETERONOMIA

AUTONOMIA
A: negação
NOMIA: regra, lei
A lei, a regra vem do exterior, do outro
Capacidade de governar a si mesmo

Na fase de anomia, natural na criança pequena, ainda no egocentrismo, não existem regras e normas. O bebê, por exemplo, quando está com fome, chora e quer ser alimentado na hora. As necessidades básicas determinam as normas de conduta. No indivíduo adulto, caracteriza-se por aquele que não respeita as leis, pessoas, normas.

Na medida em que a criança cresce, ela vai percebendo que o "mundo" tem suas regras. Ela descobre isso também nas brincadeiras com as criança maiores, que são úteis para ajudá-la a entrar na fase de heteronomia.

Na moralidade heterônoma, os deveres são vistos como externos, impostos coercitivamente e não como obrigações elaboradas pela consciência. O Bem é visto como o cumprimento da ordem, o certo é a observância da regra que não pode ser transgredida nem relativizada por interpretações flexíveis. De certa forma, a intolerância da Igreja, por qualquer interpretação diferente da sua, referente ao Evangelho, manteve a humanidade na heteronomia moral. O bem e o certo estavam na Igreja, no Estado e não na consciência interior do indivíduo.

A responsabilidade pelos atos é avaliada de acordo com as conseqüências objetivas das ações e não pelas intenções.

O indivíduo obedece as normas por medo da punição. Na ausência da autoridade ocorre a desordem, a indisciplina.

Na moralidade autônoma, o indivíduo adquire a consciência moral. Os deveres são cumpridos com consciência de sua necessidade e significação. Possui princípios éticos e morais. Na ausência da autoridade continua o mesmo. É responsável, auto-disciplinado e justo. A responsabilidade pelos atos é proporcional à intenção e não apenas pelas conseqüências do ato.

O processo educativo deve conduzir a criança a sair de seu egocentrismo, natural nos primeiros anos, caracterizado pela anomia, e entrar gradualmente na heteronomia, encaminhando-se naturalmente para a sua própria autonomia moral e intelectual que é o objetivo final da educação moral.

Esse processo de descentração conduz do egocentrismo (natural na criança pequena) caracterizado pela anomia, à autonomia moral e intelectual.

As atividades de cooperação, num ambiente de respeito mútuo, embasado na afetividade, preservam do egoísmo e do orgulho, auxiliando a criança no longo processo de descentração, conduzindo-a gradativamente da heteronomia para a autonomia moral. Um ambiente de medo, autoritarismo, respeito unilateral tende a perpetuar a heteronomia.

Do egocentrismo inicial, a criança, gradualmente, vai "saindo" de si mesma, ampliando sua visão de mundo e percebendo que faz parte de um todo maior.

Gradualmente, aprende a cooperar, a respeitar e a amar o próximo.


Egocentrismo
>
>
>

Descentração



egoísmo - orgulho







cooperação - respeito - afeto

ANOMIA
>
HETERONOMIA
>
AUTONOMIA

O quadro abaixo relaciona as atitudes interiores e as fases morais:

ANOMIA
HETERONOMIA
AUTONOMIA
Bagunça
Devassidão
Libertinagem
Dissolução
Medo
Autoritarismo
Imposição
Castigo
Prêmio
Respeito unilateral
Autocracia
Tirania
Cooperação
Amor
Respeito mútuo
Afetividade
Livre-arbítrio
Democracia
Reciprocidade
Lei Causa e Efeito

Fonte: http://www.pedagogiaespirita.org/escola_virtual/pedagogia/piaget/moral.htm

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Religião: Ateu? Acho que não.

Parece uma questão de honra para muitos teístas classificar o ateísmo como mais uma religião.
Normalmente fazem isso querendo fazer parecer que se todas as religiões, como nós ateus afirmamos, são infundadas e baseadas em mitos e na fé, na crença sem evidências, nosso ateísmo também o seria.

Tal medida pra mim parece ser desesperada. Após não conseguir negar nem a si mesmo que de fato suas crenças não são baseadas em evidências, mas sim em mitos, lendas, superstições, o teísta tenta atacar o ateísmo com as mesmas armas, como se isso fosse aplicável. E muitas vezes recorre à arrogância para tentar forçar o interlocutor a acreditar que de fato é aplicável.

Mas o que o teísta nessa situação ignora é que ao contrário das religiões, o ceticismo, não o ateísmo, seleciona o que aceitar ou descartar como verdade baseado nas evidências, nos argumentos lógicos apresentados. Na probabilidade de tais argumentos virem a ser procedentes. E isso de modo algum confere com o que fazem as religiões: Impor a crença simplesmente pela crença.

Fiz questão de ressaltar que isso seria uma característica do ceticismo, e não propriamente do ateísmo, por notar que estes são comumente confundidos.

Um ateu, por definição, é um indivíduo que não crê na existência de divindades. Apenas isso. Qualquer outra opinião expressada por um indivíduo que se intitule ateu não advêm de seu ateísmo. O que normalmente ocorre é que a mesma linha de raciocínio que leva um indivíduo a se tornar um ateu, o leva a ser cético diante de todo tipo de afirmação mítica, lendária ou sobrenatural.

Céticos, e comumente ateus, são pessoas comprometidas com a verdade, com aquilo que se pode provar ou ao menos se mostrar forte por argumentos.

Um cientísta, cético por obrigação, aceitaria, por mais consternado que ficasse, que uma teoria que ele defende está imprecisa, ou completamente incorreta. No entanto nenhuma religião admite corrigir quaisquer imprecisões que se apresentem em seus dogmas e livros sagrados. Normalmente o que elas fazem nesses casos é ignorá-los, e quando questionadas se esquivar com alguma desculpa.

Independente do que digam os dicionários, e não acredito que seja muito diferente disto, uma religião se caracteriza pela imposição de dogmas, o culto a figuras sagradas, dentre elas algumas divindades, a existência de além-mundos, o julgamento de nossas ações e crenças, punição, benção, tudo é claro através de muita magia e desafios a toda e qualquer lei física.

E o ateísmo não apresenta nenhuma dessas características, muito pelo contrário, as repudia.

Podemos ser vistos como um grupo social, como seguidores de uma determinada filosofia de vida talvez, mas jamais como membros de uma religião.

Minha religião? Nenhuma.
Meu posicionamento religioso? Sou Ateu. Não possuo religião.

Links Recomendados:
http://www.abarnett.demon.co.uk/atheism/atheismreligion.html (Em Inglês)
http://www.religioustolerance.org/rel_defn.htm (Em Inglês)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ate%C3%ADsmo#Defini.C3.A7.C3.A3o

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Religião: Um mal necessário?

Normalmente dentre ateus há consenso sobre a maioria das questões que envolvem religião. Isso não é algo premeditado, é apenas uma consequência do fato de os ateus seguirem uma mesma linha de raciocínio.

No entanto existem alguns pontos em que não há consenso, e um deles é quanto à utilidade da religião.

Alguns acreditam que as religiões só fazem mal ao ser humano, e usam como exemplo as inúmeras catástrofes atribuídas à religião, tais como as cruzadas, a caça às bruxas ou os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001.

Outros, ainda defendendo a mesma posição, citam como exemplo a alienação e o abuso infantil. Não é incomum ver famílias de baixa renda patrocinando a boa vida de pastores evangélicos, ou a presença e a participação forçada de crianças, ainda incapazes de entender o que estão fazendo, em cerimônias religiosas.

Já um outro grupo defende que apesar de todos esses males a religião seria uma espécie de mal necessário, atuando como regulador social.

Aquela brincadeira que diz que crente é sempre ex-alguma coisa, ex-drogado, ex-assaltante, ex-presidiário tem um fundo de verdade. Eu mesmo já vi alguns casos de viciados que procuraram uma igreja evangélica e através dela se livraram do vício. Para essas pessoas, sem dúvida a religião foi um caminho melhor do que aquele que trilhavam anteriormente, por mais que ainda não seja tão bom quanto os religiosos afirmam ser.

Além disso, é comum vermos crentes afirmarem que ateus não tem escrúpulos, uma vez que não acreditam que um dia prestarão contas a Deus, deixando a entender que se não fosse por Deus, eles também não teriam porque ter escrúpulos.

Não acredito que isso seja verdade, até porque sou ateu e tenho escrúpulos. Mas acredito que nossos valores morais e éticos vêm da nossa experiência de vida, e não das palavras de um pastor. Acredito que ainda que não tivéssemos religiões, seguiríamos valores éticos e morais semelhantes aos que seguimos hoje. Talvez até melhores, já que acabaríamos com uma das maiores fontes de discriminação existentes.

Acredito que estamos caminhando para um futuro em que o ser humano será cada vez mais esclarecido e cada vez mais independente da religião.
Isso não implica que eu imagine que um dia ela irá acabar, mas acredito sim que seria possível um mundo melhor sem religião. Para mim, religião não é mais um mal necessário.

E para você? A religião é um mal necessário?

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Igreja Internacional

Olá a todos,

Hoje, como de costume, estava me divertindo com os e-mails comentados do Charges.com.br e me deparei com uma imagem de uma conversa supostamente envolvendo um tal Pastor Silas e uma fiel.

A princípio achei ser algo sério, mas quando fui lendo vi que era piada, o que foi confirmado pelo comentário do Maurício Ricardo.

A piada partiu do site Igreja Internacional.

Recomendo!

domingo, 25 de outubro de 2009

Deus e a Matrix 3

A realidade apresentada no mundo de Matrix foi produto indireto das mentes humanas, desenvolvendo tecnologia, criando máquinas e as dotando de inteligência, a tal ponto que tais máquinas concluíssem que o ser humano era inferior a elas e que não deveriam se sujeitar às vontades dele, deflagrando a guerra que culminou com o bloqueio do Sol, a fonte de energia das máquinas, e o processo de captura e escravização dos seres humanos.

Todo esse processo, apesar de completamente fictício e altamente improvável, não é impossível. Há uma possibilidade ínfima, remota, de o futuro apresentado no filme Matrix se confirmar, embora eu não acredite que isso venha a acontecer.

Coloco isso porque, dada a probabilidade de uma divindade existir em nosso mundo real, e a probabilidade de tal futuro vir a se concretizar, acredito que a segunda opção seja muito mais viável.

Acredito ser muito mais provável que estejamos hoje vivendo conectados a uma espécie de Matrix, tendo então tal futuro já ocorrido, do que estarmos mesmo sendo observados por uma divindade tão absurda quanto essas a que somos apresentadas atualmente.

Sendo assim, embora nenhum suposto milagre tenha me convencido até hoje se tratar realmente de um milagre, algo logicamente inexplicável, se um dia me ver em face de um milagre de fato, como talvez a cura de um amputado, ou a ressurreição de alguém que teve o corpo completamente dilacerado em um acidente, eu julgaria muito mais viável ter sido obra da Matrix do que de Deus.

Embora, como já disse, não acredite que tais fatos possam um dia acontecer.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Deus e a Matrix 2

Há muitas analogias feitas entre o filme Matrix e a religião. Neste artigo da Wikipedia encontra-se a descrição da mais impressionante delas.

Porém a analogia que vou apresentar agora, apesar de absurdamente simples, não é muito popular.

A primeira coisa que me impressionou quando assisti ao filme Matrix não foram os incríveis e premiados efeitos especiais, as emocionantes lutas corpo a corpo ou a catastrófica previsão do futuro. Mas sim o fato de, sob certo aspecto, a Matrix exercer para aqueles aprisionados a ela o mesmo papel que acreditam os teístas ser exercido por divindades em nosso mundo.

A realidade vivida pelos escravos da Matrix é projetada, programada, por ela. Sendo ela indiretamente responsável por tudo que acontece com tais escravos, sendo onisciente (até onde sua capacidade de processamento e armazenamento permite), onipotente (até onde isso se mostra logicamente viável) e onipresente (até onde seus agentes puderem alcançar).

Nesse mundo controlado pela Matrix, milagres são completamente passíveis de acontecer, assim como mágica e super poderes, como fica evidenciado quando é apresentado o garoto capaz de entortar colheres com a mente, ou quanto o agente Smith apaga a boca de Neo, deixando-o completamente apavorado.

Isso tudo é possível no mundo da Matrix por ser aquele um mundo virtual, onde muitas das leias da lógica e da física não precisam ser respeitadas, assim como acontece em muitos jogos eletrônicos de hoje.

Isso posto, podemos dizer que para aqueles que vivem no mundo da Matrix ela exerce de fato o papel de divindade. Podendo inclusive ouvir e atender a preces, assim como julgar e punir, porém ainda em vida, aqueles que a desafiem, desde que se mantenham fisicamente conectados a ela.

Até então não há nada de mais nessa analogia.
Mas haverá, no que decorre dela.

Não percam o próximo post, neste domingo.

domingo, 18 de outubro de 2009

Deus e a Matrix

Peço licença ao Barros, autor do blog DeusILUSÃO, para quase plagiar o título de uma de suas séries de posts, mas acredito que o conteúdo seja suficientemente diferente para evitar um processo rs.

Acredito que todos os leitores devem conhecer o filme Matrix, no entando vou apresentar uma breve sinopse para contextualizar:

O filme apresenta uma realidade em que todos nós humanos, com exceção de alguns rebeldes, estamos aprisionados em cápsulas de um imenso gerador de energia no qual nossos corpos são as células energéticas. Isso tudo criado e mantido por máquinas revoltosas, criadas por nós mesmos, que ao serem vítimas de um ataque que culminou com o bloqueio de sua fonte de energia principal, o Sol, tiveram a brilhante ideia de usar a energia produzida por nossos corpos como fonte de energia alternativa.

Nessa realidade, as máquinas introduziam pensamentos e sensações nas mentes daqueles que estavam presos às cápsulas, de modo que eles acreditassem estar vivendo alguns séculos antes, no tempo em que teria sido o auge de nossa civilização, por acaso nossa época atual, quando na verdade vivem em uma espécie de realidade virtual.

Esse é o pano de fundo, mas a estória principal gira em torno do personagem Neo, que é libertado da dominação das máquinas por ser tido por um dos líderes dos rebeldes como o escolhido, uma espécie de messias, que seria capaz de derrotar as máquinas e libertar os seres humanos.

Muitas analogias são feitas do filme Matrix com a religião, dado o caráter messiânico do personagem principal. No entanto, vejo outra analogia muito interessante a ser feita, ainda envolvendo a religião, e que nunca ouvi de outras fontes, embora acredite que eu não tenha sido nem de longe o único a tê-la observado. Tenho certeza que os teístas ficaram bem intrigados e alguns até revoltados com o que direi. Nos próximos posts.

Quem ainda não viu, ou quer rever o filme, ainda há tempo. O próximo post sairá na próxima quarta feira.

domingo, 11 de outubro de 2009

Do Deísmo ao Ateísmo

Provavelmente todo ateu que leu o post Partindo do Deísmo deve ter percebido que no fim das contas a sujeira foi apenas empurrada para debaixo do tapete, já que aquela visão não dá nenhuma definição quanto à origem do suposto criador, assim como de que essência ele seria formado e principalmente como evoluiu a ponto de possuir um intelecto capaz de formular as leis físicas que regem a natureza, além é claro do ponto principal, o que ele teria usado como matéria prima para as primeiras partículas de massa/energia do universo. Mágica? Essência divina?

Qualquer tentativa de responder a tais questões não será mais do que mera especulação, tanto se realizada por religiosos, quanto se realizada por supostos cientistas.

O fato é que a concepção de tal ser, ou a presunção de que ele exista desde sempre, é absurda, não por ser concebido do nada, ou por existir desde sempre, mas sim por sua complexidade.

Sendo a sua essência material ou espiritual, ou seja lá o que for, para que tal ser fosse capaz de conceber um projeto tão ambicioso, seria necessário que o mesmo fosse dotado de algo análogo a uma mente, o que é por demais complexo para surgir do nada, ou evoluir no nada.

É verdade que a ciência ainda não sabe explicar como surgiu a singularidade que deu origem ao Big Bang, porém a natureza de tal singularidade, ainda que não totalmente conhecida, é certamente mais simples que a mente de um projetista.

Particularmente não acredito que algo possa existir desde sempre. Acredito que em um dado momento, momento zero por sinal, já que antes disso nada existia e como consequência uma contagem de tempo não faria sentido, partículas de natureza simplória surgiram espontaneamente, convergindo umas para as outras, formando um aglomerado de partículas subatômicas, a singularidade inicial, que em um dado momento se desestabilizou e explodiu no que chamamos de Big Bang.

Obviamente essa minha teoria é puramente especulativa*, porém reduz a dúvida ao surgimento expontâneo de partículas simplórias, o que me parece muito mais viável que o surgimento, ou a eterna existência, de um ser tão complexo como o deus cristão, ou qualquer outro candidato a criador apresentado pelas diversas religiões.

* Embora eu já tenha ouvido falar de experiências onde se tenha observado o surgimento espontâneo e inexplicável de determinadas partículas subatômicas em laboratório.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Cosmos, de Carl Sagan

Na semana passada a seção INDICAÇÕES estreou trazendo a série Cosmos, de Carl Sagan. No entanto, o link que havia sido colocado lá remetia a um outro site, que por sua vez remetia ao Google Videos.

De modo a facilitar o acesso, estou escrevendo este post apresentando os links para os 13 episódios diretamente neste blog.

A versão dublada de alguns vídeos não está sendo carregada corretamente, por isso nesses casos estou utilizando links alternativos, mas que poderão estar legendados ou no idioma original.

No próximo domingo darei sequência ao post anterior: Partindo do Deísmo.

domingo, 4 de outubro de 2009

Partindo do Deísmo

Durante a minha transição do cristianismo ao ateísmo, passei por um breve período como deísta.

Naquela época eu ainda não conseguia enxergar que Deus não passava de um mito, embora enxergasse bem as inconsistências da religião.

Durante meus últimos meses como teísta, como todo teísta sincero, conversava com Deus, mas cada vez mais percebia que não havia ninguém ouvindo meus pensamentos, ou se ouvia, os ignorava, e como naquela época eu era um teísta sincero, e uma boa pessoa, não via motivo algum para ser ignorado por Deus, o que me levou a concluir que se Deus de fato existia, não era capaz de me ouvir, ou de intervir em minha vida. Foi então que comecei a considerar a posição deísta, que naquela época eu nem sabia que tinha tal nomenclatura.

Passei a considerar que Deus havia criado o universo, programado as leis da física que regem toda a natureza, e então ou deixara de existir, ou não era mais capaz de intervir em nosso mundo.

Essa posição me deixou muito confortável, já que eu não ignorava a existência de Deus, o que na época eu não via com bons olhos, como todo bom teísta, e ainda me sentia livre para ignorar os absurdos pregados pelas religiões, podendo endossar a ciência sem confrontá-la com a religião.

Tal endosso é muito simples de se promover, e acho que deveria ser o caminho adotado por toda religião que quer coexistir dignamente com a ciência.

Assume-se que Deus criou a singularidade inicial, um aglomerado de energia/matéria, seja como for, dotado de características físicas tais que em um dado momento explodiu dando origem a todo o universo, n0 processo denominado por nossa ciência como Big Bang.

A partir daí, naturalmente, ou seja, através das interações entre as características físicas de cada átomo, molécula ou quaisquer outras estruturas formadas a partir do Big Bang, programado por Deus, a Terra adquiriu as condições necessárias para o surgimento da vida, conforme supõe a ciência, seguida da evolução dos seres vivos, inicialmente meros aglomerados orgânicos, dotados de metabolismo simples, partindo para seres cada vez mais complexos, seguindo diferentes caminhos evolutivos, até chegar às espécies de sucesso que existem hoje. Um processo totalmente natural, sem nenhuma interferência divina, já que Deus encerrara sua participação ao criar a singularidade inicial, dotando-a das características necessárias para evoluir por conta própria.

Essa visão não só convive em harmonia com a ciência, como dirime qualquer discrepância existente entre as diversas religiões, descartando o seu lado mitológico, sem descartar a sua unidade fundamental, o criador, mantendo ainda o seu caráter sócio-regulador.

Pensem a respeito. Continuarei este tema no próximo post.

sábado, 26 de setembro de 2009

O que os ateus têm contra Deus?

Essa pergunta já deve ter passado pela cabeça de muitos teístas. E a resposta depende muito da definição dada a esse deus.

Neste post me atenho a Deus, o deus cristão, mas não é difícil estender minha posição para que se aplique a quaisquer divindades.

Normalmente o teísta não para para pensar e dar uma definição estrita ao que venha a ser Deus, ele simplesmente crê naquele ser, conforme ele vai sendo pintado pela sociedade. No entanto, para nós ateus, que estamos isentos de influências religiosas, definir Deus se mostra bastante necessário.

Como ateus, não cremos na existência, para além da imaginação daqueles que creem, de qualquer divindade. E dada a nossa posição isenta, não temos problemas em incluir demônios e alguns outros seres supostamente advindos de além-mundos na nossa definição de divindade. Portanto, não seria correto dizer que não cremos em Deus, mas adoramos ao Diabo, como muito se fala dentre alguns grupos teístas. Para nós ateus, Deus e o Diabo são ambos divindades, antagônicas, mas ainda assim pertencentes ao mesmo grupo.

A definição de Diabo dentre as religiões cristãs não varia muito. Basicamente é dito ser um anjo revoltoso que por desafiar Deus foi banido do paraíso, fundou o inferno e hoje vive de torturar eternamente as almas daqueles por Deus rejeitados, além é claro de influenciar negativamente o comportamento dos vivos. Sei que tal definição não é oficial, e deve variar de igreja pra igreja, mas de modo geral, não passa longe disso.

Já quanto a Deus, como digo no meu perfil aqui do blog, tive uma extensa formação católica, onde me foi ensinado que Deus seria um ser bondoso e piedoso. No entanto ouvi muito daqueles que me cercavam que tal Deus um dia julgaria a todos nós, e condenaria muitos a uma pena eterna, não importando o tamanho de seu erro. Ou se seria gratificado com a maior das dádivas, a entrada no Paraíso, ou se seria condenado à maior das punições, o tormento eterno no Inferno. Isso nunca me soou muito justo para um ser dito tão bondoso e piedoso.

Vez ou outra me falavam também da existência de um meio termo, um tal de Purgatório, ainda mais mal definido que o Paraíso e o Inferno, mas que daria àqueles cujos erros não foram assim tão graves, uma chance de se redimir, ou algo do tipo. Isso já me soava melhor, já que eu me considerava merecedor do Paraíso mas sentia pena daqueles que não o mereciam mas ainda assim não precisavam sofrer eternamente por isso.

Apesar da dúvida quanto à existência ou não do Purgatório, o Deus acima me parecia agradável, já que eu não me via dentre os condenados. Porém conforme fui amadurecendo, percebi que ainda assim uma condenação eterna, não seria justa a ninguém. Para mim, o justo aos condenados seria uma 'pós-vida' regada a privações, conforme a gravidade de seus erros, mas acompanhada de um curso de reciclagem, o qual prepararia os pecadores para serem aceitos no paraíso, pondo fim ao seu tormento assim que se mostrassem merecedores. Infelizmente nenhuma religião cristã, ou de qualquer outro segmento que eu conheça, emprega tal processo penal.

Isto seria algo que eu teria contra Deus se acreditasse que ele existe: o seu caráter não tão justo e piedoso como inicialmente me pintaram.

Mas esse foi o melhor Deus que me apresentaram. O pior infelizmente tem ganhado cada vez mais terreno.

O outro Deus cristão, que cada vez mais é defendido pelos teístas, em especial os evangélicos, seria um Deus guerreiro, impiedoso, cruel, invejoso e ditador, conforme apresentado no Velho Testamento,  mas que seria infinitamente amável e justo com aqueles que o seguissem como seu único senhor*, numa relação literalmente servil, se não escravagista, onde aqueles que não se submetessem, sendo bons ou maus, justos ou injustos, seriam cruelmente torturados, por toda a eternidade.

Bom, esse Deus eu realmente não quero pra mim.

* Isso hoje, porque pelo que me consta, quando Ele deu as caras, só lhe interessava salvar o chamado povo escolhido, os Hebreus, descendo o cacete nos inimigos de tal povo.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A Conjectura de Goldbach e o Paradoxo de Russell

Nestes últimos anos debatendo o tema religião, vez ou outra recorri a duas referências matemáticas que considero fantásticas: A Conjectura de Goldbach e o Paradoxo de Russell*.

Neste post apresentarei de forma resumida essas duas referências, uma vez que é bem provável que eu as utilize futuramente neste blog.

A Conjectura de Goldbach é um dos grandes problemas não resolvidos da matemática. Apesar de ser muito simples entender o problema proposto, sua efetiva demonstração provavelmente nunca virá. Tal conjectura afirma que:

- Todo inteiro par maior que 2 pode ser expresso como a soma de dois números primos.

Como eu disse, um problema muito simples. Aparentemente óbvio. Desafio o leitor a pensar em qualquer numero par maior que dois e tentar encontrar dois números primos cuja soma seja o número pensado. Provavelmente você conseguirá. E se continuar tentando, em breve concluirá que tal conjectura deve de fato ser verdadeira, já que o foi para todos os testes que fizera.

No entanto, para fins de demonstração formal, toda e qualquer possibilidade deve ser verificada. Obviamente não é possível testar todos os infinitos inteiros pares, e ainda que fosse, essa não seria a melhor maneira de demonstrar a veracidade de tal conjectura. Tal demonstração, assim como a maioria das demonstrações matemáticas, deve ser realizada através da aplicação de argumentos lógicos, como axiomas, postulados, lemas e teoremas.

Em suma, por mais óbvia que possa parecer, a Conjectura de Goldbach ainda não pôde ser comprovada.

Já o Paradoxo de Russell é um tanto mais complexo de se entender. Recomendo a leitura deste artigo para mais detalhes, mas resumidamente posso dizer que o que Bertrand Russell notou, foi que:

- Caso definamos o conjunto M como sendo o conjunto de todos os conjuntos que não contém a si mesmo como membro, concluiremos tanto que M está, quanto que M não está contido em si mesmo.

Ilustrando:
M=\{A\mid A\not\in A\} M \in M \  ou \ M \not\in M \ ?

Respire um pouco. Esse realmente é difícil de entender, até por que estou omitindo os detalhes. Não vou lhes entregar tudo de graça.

Mas assim sendo, como pode a lógica pura levar a duas conclusões completamente opostas? Estaria a lógica errada? Que explicação podemos dar a esse fato? Há alguma explicação? Ou devemos simplesmente fingir que nunca lemos isso. Que isso nunca aconteceu?

Há sim uma explicação. A explicação, de forma simplista, é que a definição do que vem a ser um conjunto, utilizada até então, não era uma boa definição. Tratava-se de uma definição inconsistente, pois permitia a elaboração de teorias absurdas como esta.

Qual a solução encontrada para o caso? Na verdade foram propostas várias soluções. Basicamente alterando a definição de conjunto. A minha preferida, embora não das melhores, estabelece que um conjunto jamais poderá conter a si mesmo como elemento, o que é suficiente para escapar do Paradoxo de Russell, mas não tão boa para a matemática em si. Não entremos nesse mérito.

Quis mostrar duas coisas com este post: Primeiro que uma demonstração formal, para ser considerada válida, deve ser incontestável. E segundo que de nada adianta utilizar uma boa lógica se partimos de definições e suposições inconsistentes.

Falarei mais sobre isso nos futuros posts.

Reflitam, se tiverem paciência pra isso.

* Bertrand Russell já deve ser conhecido por muitos dos possíveis frequentadores deste blog, ou ao menos a sua teoria do bule celestial.

domingo, 20 de setembro de 2009

A que grupo você pertence?

Pra começar, preciso dizer que não sou a favor de nenhum tipo de apartheid. Não se trada disso. O que coloco aqui é apenas uma categorização com relação a posição que cada um de nós assume diante da existência de divindades. É essa categorização que distingue teístas e ateus.

Aparentemente, apenas aparentemente, não resta dúvida quanto a o que vem a ser um ateu, porém alguns ainda estranham o uso dos termos "teísta", "agnóstico" e principalmente o termo "deísta". Eu costumo usar bastante esses quatro termos, pois eles expressam bem a posição do indivíduo quanto à existência de divindades.

Bom, vamos às definições:*

  • Teísta: Indivíduo que crê na existência de uma ou mais divindades, capazes de interferir em nossas vidas, e que atribui a uma ou mais delas a criação do universo e tudo que nele habita. Teístas normalmente são afiliados a alguma religião, respeitam seus dogmas e creem em suas estórias;
  • Deísta: Indivíduo que acredita que alguma divindade tenha sido a criadora do universo e tudo que nele habita, porém não acredita que tal divindade seja capaz de interferir em nossas vidas. Deístas normalmente não são afiliados a religiões, e quando o são, não seguem seus dogmas ou creem em suas estórias;
  • Agnóstico: Indivíduo que, dada a falta de evidencias a favor ou contra a existência de divindades, se posiciona de maneira neutra, ou seja, não nega a possibilidade de tais divindades existirem, mas também não as cultua. Assim como os deístas, os agnósticos normalmente não são afiliados a religiões, e quando o são não seguem seus dogmas ou creem em suas estórias;
  • Ateu: Indivíduo que não crê na existência de quaisquer tipos de divindades. Ateus não são afiliados a nenhuma religião, assim como o ateísmo em si não deve ser considerado uma religião.

Acredito que essas quatro categorias sejam suficientes para classificar qualquer indivíduo, embora algumas subdivisões possam ser feitas:

  • Teísta forte/fanático: Aquele que crê incondicionalmente na existência de divindades e respeita fielmente os dogmas de sua religião, ignorando qualquer evidência que coloque em cheque as suas crenças. Não raramente tais teístas chegam ao ponto de ignorar valores morais e éticos da sociedade em que vivem para defender sua posição, como utilizar-se de desrespeito, ameaças e afirmações preconceituosas, quando não de violência estrita;
  • Teísta moderado/sensato: Aquele que admite que a religião a qual pertence pode ser falha, e usa o bom senso para saber o que considerar real e o que considerar metáfora;
  • Teísta fraco/não praticante: Aquele que afirma pertencer a alguma religião, mas não segue seus dogmas ou crê em suas estórias, na prática agindo como um agnóstico, porém não assumindo tal posição por temer ser vítima de preconceito ou até mesmo de alguma forma de punição divina;
  • Deísta verdadeiro: Aquele que crê sinceramente que o universo foi criado por um ser superior, porém não crê que tal ser continue a existir, seja capaz, ou tenha interesse em intervir em nossas vidas;
  • Deísta falso: Aquele que na verdade não crê na real existência de qualquer divindade, porém assume a posição de deísta deturpando tal conceito. Normalmente isso é feito afirmando-se que a divindade está na natureza, na vida, no amor, porém não a vê como um ser que existe ou tenha existido de fato. A vê apenas como uma forma de energia, que compõe tudo aquilo que hoje existe. Tais indivíduos são na verdade ateus, porém não assumem tal posição pelos mesmos motivos que os teístas fracos não assumem ser agnósticos;
  • Agnóstico fraco/falso: Aquele que teme algum tipo de punição divina, caso negue a existência de divindades, e por isso fica 'em cima do muro', podendo pender para o lado teísta caso sinta necessidade;
  • Agnóstico forte/verdadeiro: Aquele que não teme qualquer punição divina, não crê em nenhuma das supostas evidências da existência de divindades, porém não nega a possibilidade de que tais divindades existam pelo simples fato de não poder provar a sua não existência;
  • Ateu fraco/falso/revoltado: Aquele que se afirma ateu pelo fato de não se ver agraciado por intervenções divinas, porém ainda considera possível a existência de divindades, apenas não as cultua mais, chegando ao ponto de negar que existam, mesmo não tendo absoluta convicção disso;
  • Ateu forte/verdadeiro/convicto: Aquele que possui absoluta convicção de que divindades não existem, não por não se ver agraciado por elas, mas por perceber o quão ínfima é a probabilidade de existência de tais seres.

Eu me sinto orgulhoso em dizer que pertenço ao grupo dos ateus convictos, porém já fui deísta e antes disso teísta, fato que hoje me causa vergonha e tristeza.

E você? A que grupo pertence?

* Devo ressaltar que tais definições não são definições oficiais obtidas de algum dicionário ou enciclopédia, mas sim as definições que o autor deste blog dá a tais termos.

sábado, 12 de setembro de 2009

Apresentação

Durante esses dez anos desde que me tornei ateu, e até mesmo um pouco antes disso, me envolvi em muitas discussões, algumas acaloradas, via internet e também pessoalmente, com evangélicos, católicos, agnósticos e ateus, acerca do tema religião.

No início tais discussões me fascinavam. Me via de fato numa posição privilegiada por enxergar aquilo que a maioria não via.
Porém após algum tempo, qualquer tema já se mostrava recorrente. Qualquer argumento já era conhecido, assim como suas tentativas de refutação, por ambas as partes.
Muitas vezes, como disse o Barros, autor do blog DeusILUSÃO, em seu post de apresentação, sentimos falta de poder simplesmente dizer: leia isto, evitando assim discorrer novamente sobre um assunto, pra nós, tão batido.

Essa é uma das motivações para a criação deste blog, porém não a principal. A minha principal motivação é deixar registrado, para mim, para meus descendentes, para aqueles que gostarem do tema, as minhas opiniões sobre as questões que permeiam esse assunto tão polêmico, dentre outros, pois não falarei exclusivamente sobre religião.

Pretendo realizar postagens quinzenais, talvez mensais, porém buscarei trabalhar ao máximo os meus textos, sendo bem claro, objetivo e completo. E apesar de não ser um objetivo meu conquistar leitores, me esforçarei para isso.

Espero que gostem.