domingo, 11 de outubro de 2009

Do Deísmo ao Ateísmo

Provavelmente todo ateu que leu o post Partindo do Deísmo deve ter percebido que no fim das contas a sujeira foi apenas empurrada para debaixo do tapete, já que aquela visão não dá nenhuma definição quanto à origem do suposto criador, assim como de que essência ele seria formado e principalmente como evoluiu a ponto de possuir um intelecto capaz de formular as leis físicas que regem a natureza, além é claro do ponto principal, o que ele teria usado como matéria prima para as primeiras partículas de massa/energia do universo. Mágica? Essência divina?

Qualquer tentativa de responder a tais questões não será mais do que mera especulação, tanto se realizada por religiosos, quanto se realizada por supostos cientistas.

O fato é que a concepção de tal ser, ou a presunção de que ele exista desde sempre, é absurda, não por ser concebido do nada, ou por existir desde sempre, mas sim por sua complexidade.

Sendo a sua essência material ou espiritual, ou seja lá o que for, para que tal ser fosse capaz de conceber um projeto tão ambicioso, seria necessário que o mesmo fosse dotado de algo análogo a uma mente, o que é por demais complexo para surgir do nada, ou evoluir no nada.

É verdade que a ciência ainda não sabe explicar como surgiu a singularidade que deu origem ao Big Bang, porém a natureza de tal singularidade, ainda que não totalmente conhecida, é certamente mais simples que a mente de um projetista.

Particularmente não acredito que algo possa existir desde sempre. Acredito que em um dado momento, momento zero por sinal, já que antes disso nada existia e como consequência uma contagem de tempo não faria sentido, partículas de natureza simplória surgiram espontaneamente, convergindo umas para as outras, formando um aglomerado de partículas subatômicas, a singularidade inicial, que em um dado momento se desestabilizou e explodiu no que chamamos de Big Bang.

Obviamente essa minha teoria é puramente especulativa*, porém reduz a dúvida ao surgimento expontâneo de partículas simplórias, o que me parece muito mais viável que o surgimento, ou a eterna existência, de um ser tão complexo como o deus cristão, ou qualquer outro candidato a criador apresentado pelas diversas religiões.

* Embora eu já tenha ouvido falar de experiências onde se tenha observado o surgimento espontâneo e inexplicável de determinadas partículas subatômicas em laboratório.

6 comentários:

  1. Para tentar compreender o que é o Universo devemos levar em conta a total incapacidade do ser humano em compreender efetivamente o significado de dois conceitos matemáticos: o infinito (a totalidade, o incomensurável) e o zero (o vazio, o nulo, o inexistente). São conceitos bastante corriqueiros na matemática, mas de significado que vai além da nossa capacidade cognitiva e imaginativa.
    O Big Bang cria o Universo que se expande, criando o espaço e "ocupando" o nada, o vazio! O "nada" existe além do Universo! Talvez sempre tenha existido! Mas isto é uma contradição lógica, pois o "nada" nunca pode ter existido, senão não seria o "nada"... O Universo é finito, se expande e, onde não havia nada, agora há o Universo.
    É possível pensar sobre o "nada"? Se afirmamos que sim caímos em uma contradição, uma vez que o pensamento tem como objeto algo que existe (mesmo que apenas na imaginação).
    Se pensamos em algo que não existe, nesse momento, esse "algo" passa a existir e deixa de ser o "nada"...
    A mais bem sucedida teoria física (a Física Quântica) demonstra que existe uma probabilidade finita de surgir uma partícula no espaço (lembro que vácuo não é o "vazio", o "nada"). A todo instante surgem pares de partículas (virtuais) que se aniquilam imediatamente e esse efeito procura explicar o aparente desaparecimento da informação nas proximidades de um buraco negro e o surgimento, aparentemente espontâneo, de uma partícula sub-atômica (teoria desenvolvida por Stephen Hawking).
    A Teoria M (Metaverso) tenta explicar que o aparecimento de uma singularidade deve-se ao contato (colisão) entre duas "branas" e aconteceria a todo instante, dando origem a infinitas "singularidades" que poderiam gerar infinitos Universos.
    Porém, mesmo nas mais estranhas teorias, passíveis de deduções matemáticas (claro), nada leva a crer na existência de um ato de criação! As leis físicas que conhecemos e aceitamos como verdadeiras são válidas apenas para este Universo em que vivemos e no nosso atual estágio de conhecimento! Outros Universos, outras leis, outros seres (e, talvez, outras religiões e outros ateus... rsrsrs). A, assim chamada, "criação divina ou inteligente" é um mais um complicador desnecessário e sem nenhuma sustentação racional!

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  2. Mui bueno, D.M. E não sei se você leu a tradução que fiz que trata justamente disso. Dei o título de "Deus e o Nada.

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  3. Chicodinha, muito bom o seu comentário. Concordo com o que disse.

    Mas quanto aos conceitos de infinito e vazio, não diria que são tão incomensuraveis assim. Ao menos eu não tenho problemas em assimilar tais conceitos. Mas talvez isso se deva ao fato de eu ser justamente um matemático.

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  4. Devo ter lido sim Barros. Acompanho seu blog desde "Deus, Alice e a Matrix".

    A propósito, você vai achar bem familiares os próximos três posts, que saem no próximo domingo, próxima quarta e no domingo seguinte.

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  5. Sem querer entrar em polêmicas, eu acho que os conceitos matemáticos de zero e de infinito são tão usuais (desde o ciclo básico de ensino) que quase nunca paramos para pensar realmente no que significam. A matemática elementar nos "ensina" a operar com o 0 (zero) e com o infinito, que passam a ser apenas números/símbolos, com algumas características especiais, claro. Mas qual o conceito (idéia) de infinito? E de 0 (zero, nulo, inexistente)? Minha razão (pessoal) é limitada demais para entender esses conceitos. Aceito sugestões!

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  6. Chicodinha, o tema é muito extenso para caber em um simples comentário. Vou dedicar um post exclusivamente a isso. Em breve.

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